”Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também. Jo 14.2-3”

sábado, 4 de dezembro de 2010

SAUDADES, QUERIDA FILHA

Saudades, Querida filha!

Hoje faz exatamente, quatro anos que você partiu.

Para mim, minha querida filha, o tempo não passou,

Estou revivendo tudo o que aconteceu naquele dia,
Quatro de dezembro de 2006.

A hora em que sai de casa, a hora em que cheguei à Clínica Santa Isabel LTDA
em cacheiro do itapemirim no ES,
As duas horas e meia de espera que a assistente social me disse pra aguardar,
Sem esquecer de levar o biscoito de chocolate e o refrigerante que você pediu,

O momento de entrada, quando citei seu nome e desespero de não poder entrar,
Das minha pernas travadas, na entrada...
O meu ser não queria acreditar
na tragédia anunciada no rosto das duas enfermeiras
à porta da entrada do pátio de visitação,
Do momento em que me levaram para a sala da assistente social, onde já me aguadavam.

O meu grito de angustia ainda ecoa dentro do meu peito,
Ferido de morte,
O meu coração constantemente sangra pois,
O mesmo punhal que cravaram em seu peito
É o mesmo que está cravado no meu.

Continuo lutando por justiça pois tenho plena certeza que,
Sua morte não foi em vão. Eras uma gerreira,
Não se curvava diante das injustiças e dos maus tratos, principalmente,
Aos menos favorecidos.

Você nem tinha noção do significado da palavra, " DIREITOS HUMANOS".
Mas, possuia uma caracterísca que muitos não possuem: "JUSTIÇA"

bem sei que não me ouves, nem mais sabe de coisa alguma daqui.
Pois, a este mundo não pertences, pois descansas nos braços do PAI.
Até a volta de Cristo!

Sua mãe que nunca, nunca ha de te esquecer.
Nercinda

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Humanizando o Ser Humano

Tenho estado muito tocada nos últimos tempos com as relações entre profissionais e usuários .

Algo me inquieta, incomoda mais que em outros momentos e me pergunto o que significa isso.

Essa semana, conversava com uma amiga sobre as questões do SUS e contei-lhe alguns relatos de profissionais feitos nas rodas dos hospitais do RN e das cenas vivas nos corredores dos mesmos, que evidenciam a profunda desqualificação dos usuários e das suas demandas, por parte dos trabalhadores. Algumas ainda me vêm à mente de maneira forte, como por exemplo, a fala de um médico se dirigindo à uma mulher que chorava alto com o joelho muito machucado. O médico pedia que a mesma parasse com aquilo, e que, mesmo se um trator tivesse passado por cima do seu joelho, não precisava dar tanto “chilique”. Noutra cena, respondendo a um apelo de ajuda de uma técnica de enfermagem para levantar um homem do chão, o maqueiro grita: “deixe aí mesmo! Ele é um drogado.” Contei-lhe, por fim, o relato que mais tinha mexido comigo e levou-me a parar e pensar insistentemente nessa relação. Trata-se do momento em que uma técnica de enfermagem dava banho numa paciente, quando outra colega aproximou-se e disse que ela não podia dar banho na usuária com aquele balde, pois o mesmo era de limpeza do hospital, ao que lhe respondeu prontamente e de forma grosseira a colega: “não se preocupe porque depois posso passar álcool nela”.


Minha amiga destacou que, como sempre, eu mostrava estranheza frente àquelas situações tão conhecidas. Mas, naquele dia em particular, minha inquietude parecia diferente, comparando com outros momentos. Realmente, ela tinha razão. Eu estava pensativa, como se aquele corriqueiro tivesse me desafiado de outra forma. Comecei a observar melhor esses relatos do cotidiano, a observar as falas, os fatos, as pessoas, suas razões. Aqueles comportamentos se revelavam para mim, há muito tempo, como um dos maiores contrassensos na vida do profissional da saúde: alguém que se oferta como cuidador e no lugar disso, maltrata. Coisa estranha! Mas, sabia que essa era uma realidade e que todos nós lutávamos no sentido de mudá-la e, por isso mesmo, tinha sido criada a PNH. Fiquei “matutando” sobre esse nome, humanização, que já tinha me feito passar por muitas chateações nas centenas de rodas que participei, durante esses seis anos em que sou consultora dessa politica. Ainda escuto os participantes gritando em minha direção: porque essa palavra humanização? Por acaso somos bichos? Que coisa esquisita esse nome! Brigava comigo mesma porque, lá no intimo, também pensava que não tinha sido a melhor escolha. Somente tempos mais tarde entendi muito bem, porque seus fundadores escolheram exatamente essa palavra: humanização. Sim, essa palavra traduz bem um apelo a nós mesmos, joga na nossa cara algo que fica turvo, difícil de enxergar porque instituído, naturalizado, legitimado. Enxergar esse jeito de operar a vida, muitas vezes sem escrúpulos, ultrapassando os limites do outro, colocando-o na condição de objeto e até mesmo de lixo. Simples! Simples assim como estou falando.

Uma cultura na qual a relação é mais importante que o direito, onde o jeitinho se impõe como forma de resolução dos problemas, onde os interesses pessoais e de grupos ultrapassam os projetos coletivos e o bem comum. Nesse dia voltei para casa pensando nos meus movimentos, em mim mesma, achando que essa semana estava fadada aos questionamentos para todos os lados e conclui: estou em crise! Quando saí do hospital, fui almoçar com minha mãe e com ela tive uma conversa interessante sobre a sua família de origem e seus antepassados e, dessa conversa, transportei para minhas reflexões as relações dos coronéis, dos senhores de engenho com seus “protegidos”. Relações que revelam o paternalismo, o autoritarismo, a hierarquia, a subserviência, o toma lá da cá, a troca de favores e a bajulação. Nessa conversa, minha mãe falou ainda, que o autor do 1808 havia dado uma entrevista na TV, falando do mesmo assunto. Afirmava ele que, no período colonial, no Rio de Janeiro, a elite dita branca tinha uma relação de bajulação com a corte portuguesa e que a troca de favores e a corrupção se constituíam como práticas privilegiadas . Laurentino acrescentara ainda: “nunca o país foi tão corrupto quanto no período colonial!” É isso! Ainda corre no nosso “sangue” todos esses ingredientes. Imaginei que seria saudável encarar essa herança frente à frente, olhar com atenção e discutir nas rodas como esse “jeitinho” se inscreve no nosso dia a dia, no trabalho, na vida; olhar para essas imagens sem medos, sem preconceitos, com calma, buscando entender como nos constituímos, e aí, poder abraçar o que de maravilhoso herdamos da nossa mestiçagem e nos desvencilharmos dos legados indevidos, desatando as amarras que nos prendem e nos inscrevem na pequenez humana.

Grande abraço queridos e queridas companheir@s.

Sheylla


sábado, 13 de novembro de 2010

Prelúdio da Gota d' água"

Prelúdio da Gota d' água"

Cheio da tua ausência me angustio
a cada hora que passa... a cada instante...
- pelo meu pensamento, como um fio,
és uma gota d'água, tremulante...

Uma gota suspensa e cintilante,
límpida e imóvel como um desafio...
Tua ausência, - é a presença triunfante
daquela gota que ficou no fio. . .

As outras todas, céleres, pingaram,
e caíram na terra onde secaram,
só tu ficaste, última gota, assim

como uma estrela sem ter firmamento,
suspensa ao fio do meu pensamento
e a brilhar, sem cair... dentro de mim...

J. G. de Araujo Jorge

SOLIDÃO

SOLIDÃO
Um frio enorme esta minha alma corta,
e eu me encolho em mim mesmo: - a solidão
anda lá fora, e o vento à minha porta
passa arrastando as folhas pelo chão...


Nesta noite de inverno fria e morta,
em meio ao neblinar da cerração,
o silêncio, que o espírito conforta,
exaspera a minha alma de aflição...


As horas vão passando em abandono,
e entre os frios lençóis onde me deito
em vão tento conciliar o sono


A cama é fria... O quarto úmido e triste...
- Há uma noite de inverno no meu peito,
desde o instante cruel em que partiste...
J. G. de Araújo Jorge

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Carta de um pai que não internou seu filho"

Carta de um pai que não internou seu filho"

por FABIANE LEITE*
André e Geraldo em São Vicente (SP), em foto de Ernesto Rodrigues
Conheci a história de Geraldo e André Peixoto há seis anos, durante reportagem de balanço da reforma psiquiátrica. André teve o primeiro surto, sinalizador da esquizofrenia, na passagem para a idade adulta. O pai, Geraldo, horrorizado com os grandes hospitais psiquiátricos por onde André passou, o retirou de lá, mudou a vida, trocou a carreira de executivo pela de professor de natação para ficar ao lado do filho. Nesses anos, tornou-se um militante do direito dos pacientes de não serem trancafiados em hospitais e clínicas, mas acolhidos por serviços ambulatoriais e pela comunidade.
Na primeira entrevista, Geraldo me surpreendeu por não esconder as agruras de viver com uma pessoa com uma doença psiquiátrica. Não dourava a pílula. Mas defendia com carinho sua escolha, com espaço para a leveza _como a história de um amigo da família, também portador de esquizofrenia, que insistia ser uma águia. Geraldo o acolhia como um pássaro. Naquela época, André não estava bem, os médicos não acertavam o remédio. Tentamos fazer uma foto de ambos, mas André não quis.
Coincidentemente, meses depois, encontrei Geraldo durante uma “blitz” dos conselhos de psicologia e do Ministério Público em grandes unidades psiquiátricas que ainda persistem em diversas partes do País. Em uma das instituições, lá estavam pacientes amarrados, sem roupa. Um deles perguntou a Geraldo se era “papai noel” (por causa da barba branca) e pediu: “alta”!
Depois de o poeta Ferreira Gullar chamar a lei da reforma psiquiátrica de “idiota” e de defender a internação dos filhos, quis ouvir novamente a opinião de Geraldo (você pode conhecê-la aqui). Seguiam vivendo juntos. Sugeri novamente a foto de ambos. André estava cada vez melhor, disse o professor. Cuidava do pai. Estava cada vez mais companheiro, relatou Geraldo. E a foto deu certo.
Há cerca de uma semana, André, que tinha 47 anos, morreu vítima de um infarto do miocárdio fulminante, em casa, ao lado do pai. Compartilho com vocês, com autorização do autor, trechos da carta que Geraldo enviou a centenas de amigos e apoiadores:
Há exatamente sete dias, nesta mesma hora, André, meu filho querido, morreu. Tudo começou e terminou comigo. Muitos, sequer o conheciam. Outros, o conheceram, e outros, até o acampanharam e cuidaram dele. Estas pessoas ficaram, indelevelmente, imarcadas em nossa memória.
André nasceu duas vezes, uma, de Wilma, sua mãe, e a outra, de mim, quando o assumi, depois de retirá-lo de um hospital psiquiátrico. Portanto, sinto-me fiador de todo esse querer bem, que vocês todos têm demonstrado por ele.
Tive um privilégio, uma graça por viver junto dele essa experiência, absolutamente fantástica, nestes vinte e cinco anos, desde o dia em que o retirei de um hospital psiquiátrico, até aquele momento, em que o vi, estendido no sofá da minha sala. Ele foi o meu grande mestre, mostrou-me o caminho, o caminho que ele percorreu e que, apesar da violência das crises e, das crises de violência, foi paradoxalmente, delicado e extraordinário. A experiência foi “humana, demasiadamente humana”. Fui atirado à correnteza da vida e da psicose, deixando-me levar sem resistência, aceitando e usando-a a meu favor, sabendo, como bom nadador, que se não o fizesse, iria , apenas, me exaurir. A correnteza, agora queridos amigos, se diluiu, se desfez, deixando-me nadar livremente. A vida foi maravilhosa comigo, por ter-me permitido esse encontro.
Valeu a pena, garoto! Valeu muito a pena!
André vive! Ontem, André era o meu objetivo – hoje, deixou de ser, pois eu o carrego comigo…
Obrigado, obrigado, obrigado…
Geraldo
*Fabiane Leite é repórter da área de saúde desde 1999, dedicada principalmente à cobertura de temas de interesse da saúde pública e dos planos privados de saúde. Trabalhou no Jornal da Tarde, Folha Online, Folha de São Paulo e atualmente é repórter da seção Vida do jornal O Estado de São Paulo. Acredita que a saúde é o princípio básico para a felicidade.
Postado por ZUZU FONTES às 22:10:00

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A Reforma Psiquiátrica encontra-se num momento de ameaça inédita.

Há mais de 10 anos as diretrizes de ampliação da rede comunitária de saúde mental, criação de uma política de desinstitucionalização, de fortalecimento da participação de movimentos e controle social, de inclusão e de respeito aos direitos humanos vêm sendo aprofundadas e garantidas por um governo federal. Mesmo em municípios e estados que atuam em favor da precarização do SUS, da ambulatorização da rede de atenção em saúde mental e da defesa de movimentos corporativistas, é possível induzir políticas, financiar projetos convergentes com as diretrizes deste movimento, assim como qualificar e fomentar o surgimento de quadros. Isto é possível por tratarmos a Reforma Psiquiátrica como uma política de Estado, não de governo e direcionamos o financiamento nesta direção. Ainda assim, temos de estabelecer internamente um diálogo constante para defesa desta política, mas temos tido sucesso neste sentido. Isto ficou evidente no Plano Integrado de Combate ao Crack, que tornou possível a expansão da rede psicossocial (pactuamos a abertura de pelo menos 30 CAPS AD III ainda este ano) e no financiamento de medidas estruturantes como centros de referência regional e escolas de redutores de danos, ainda que tenha havido uma forte pressão quanto ao componente de ampliação de leitos.

Este processo, que permite a aproximação da política de saúde mental convergente com a Reforma Psiquiátrica de municípios e estados não favoráveis a ela e, ainda assim, possibilitando avanços na mudança do modelo assistencial, está ameaçado. Porque, pela primeira, vez existe a possibilidade de termos um governo federal declaradamente favorável ao sucateamento da rede de atenção comunitária, às internações involuntárias, à centralidade de hospitais psiquiátricos e comunidades terapêuticas e à terceirização da rede atenção em saúde mental.

A somatória de uma política nacional voltada para a Reforma Psiquiátrica e os movimentos sociais sempre foi o eixo que possibilitou a expansão, consolidação e aprofundamento desta política. Um dos elementos desta articulação está ameaçado. O impacto desta mudança nas diretrizes é de difícil dimensionamento. Convivemos há anos com a realidade de duras negociações com municípios e estados verdadeiramente manicomiais e que conseguimos sustentar a mudança de modelo mediante a capacidade de indução de nossas portarias e editais, além, é claro da participação da militância e dos movimentos sociais.

Ainda que o cenário de uma derrota política da Reforma seja difícil de ser dimensionada, aponto para alguns prováveis desdobramentos:
1) a rede de CAPS deixará de ser ampliada. O cadastramento de novos serviços será burocratizado, lentificado, Muitos gestores serão desestimulados a aderirem a este modelo assistencial.
2) O processo de trabalho nos CAPS será sucateado. Dificilmente haverá financiamento de supervisão, a pressão de ambulatorização dos CAPS que já existe naturalmente nos municípios será mais difícil de ser enfrentada. A política das AMES tende a enfraquecer as ações no PSF, o que por sua vez enfraquece os princípios dos NASFs, do Matriciamento e toda a noção de rede de atenção solidária e co responsável pelas ações de saúde mental.
3) As ações de álcool e drogas terão outra diretriz. Seguramente será centrada em internações, com a lógica da coação de usuários de drogas, de moralização da política e da involuntariedade das intervenções. Seguramente, todo o movimento de ampliação do acesso, flexibilização da porta de entrada e democratização do cuidado conforme temos trabalhado irá se perder. A política para álcool e outras drogas provavelmente será a mais afetada.
4) O processo de monitoramento, avaliação e fechamento de manicômios será fortemente retardado e passará a um período de estagnação.
5) O financiamento da saúde mental, que vem crescendo, irá seguramente diminuir proporcionalmente.
6) As políticas estruturantes de formação de recursos humanos, supervisão e centros de referência serão sucateadas.
7) A lógica da ambulatorização irá se expandir, assim como a medicalização das ações de saúde mental e o fortalecimento da psiquiatria conservadora como corporação. Haverá enfraquecimento da noção de equipe de saúde mental como dispositivo terapêutico, equipe multidisciplinar e, seguramente, dos projetos terapêuticos como dispositivo de acionamento de uma rede de atenção
8) Nos últimos anos existe uma forte pressão para financiamento de CAPS terceirizados, geridos por OSs. Estes serão preferencialmente cadastrados, enfraquecendo o SUS e toda a política de atenção em rede que temos apoiado e construído.

Estas são as primeiras conseqüências que consigo vislumbrar. Seguramente haverá outras e desdobramentos destas. Assim, quero salientar que não basta que militantes da reforma se tornem eleitores da Dilma, mas que disseminem a idéia de que mais de vinte anos de luta árdua, democrática e de toda uma sociedade que condena os manicômios está ameaçada.

Não é mais hora de sentirmos vergonha ou de questionarmos se é lícito ou não divulgar opiniões. Estamos num momento histórico de ameaça política. O que está em jogo é o país que queremos construir.

Saudações a todos

Marcelo Kimati Dias
Psiquiatra, consultor técnico Saúde Mental

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Reforma Psiquiátrica


Eu vi, senti, interagi

Nossa repórter passou alguns dias em hospitais psiquiátricos e na rede de serviços substitutivos e descreve os tratamentos propostos nos dias de hoje aos doentes mentais

Texto: Elisângela Orlando Fotos: Daniel de CerqueiraOpiniões ou sugestões sobre a matéria?Mande e-mail para: web@revistaviverbrasil.com.br

Uma tarefa mais difícil do que eu supunha estava por vir. Não me lembro mais de quando tudo começou, mas fiquei animada ao saber que meu editor aprovou a pauta que eu havia sugerido: a reformulação do modelo brasileiro de assistência em saúde mental. Uma discussão necessária, certamente, mas sempre complicada de se abordar. Para isso, decidimos fazer uma série com três reportagens a fim de tentar descobrir se, 30 anos depois, a reforma psiquiátrica havia, finalmente, engrenado no Brasil. Escolhemos a rede pública para fazer essa averiguação. O primeiro passo era visitar hospitais psiquiátricos e serviços substitutivos de Belo Horizonte e fazer um relato, a partir de minhas observações e da conversa com especialistas, pacientes e familiares sobre o atendimento prestado nesses locais.


Desde o início, sabia que estava mexendo em um vespeiro, pois há uma verdadeira guerra ideológica quando se discute este assunto. E no meio de tanta polêmica, tive minha primeira certeza: quem sai perdendo é o portador de sofrimento mental. Na segunda matéria da série sobre a reforma psiquiátrica no Brasil, contarei o que vi e ouvi de profissionais, usuários e fami­liares nas instituições de saúde em que estive. Gente de cores diferentes, credos diversos, mas com problemas reais. A maioria, pobres que, além da doença, sofrem com o preconceito e a falta de recursos financeiros.


A primeira constatação que fiz (sei que serei alvo de críticas de ambas as correntes depois de afirmar isso) após minha pesquisa de campo – se é que assim posso chamá-la – é que, hoje, as diferenças entre o atendimento prestado pelos Centros de Referência de Saúde Mental (Cersams) e pelos hospitais psiquiátricos são pequenas. Tudo bem. Sei que não sou psicóloga, nem psiquiatra ou assistente social. Também nunca trabalhei em locais semelhantes nem tenho parentes que utilizam esses serviços. Mas fiz meu trabalho de observação, conversei com várias pessoas e estou aqui para reportar os fatos.

O que mais me chamou a atenção nesses locais é que a infraestrutura, os tratamentos oferecidos, a forma como o paciente é tratado, as oficinas terapêuticas e a participação dos familiares no processo parecem muito semelhantes. Por mais que, em Belo Horizonte, defensores de um e de outro lado se engalfinhem e neguem tal similaridade, há que se ressaltar que quem se beneficia é o paciente, pois isso significa um salto considerável no que diz respeito à humanização do atendimento e também à inserção social e familiar do portador de transtorno mental. E mais: os rastros daquilo que um dia foi chamado de manicômio estão cada vez mais apagados, para o bem de todos.

Percebi que a luta hoje é antimanicomial em todos os sentidos, mesmo nos hospitais que, um dia, foram verdadeiras prisões para os chamados loucos. O que me intrigou foi perceber que, em Belo Horizonte, fal­ta mais integração entre os serviços da rede municipal e estadual, muitas ve­zes, por questões de ideologia. Na próxima reportagem da série, vou con­tar como em Barbacena as duas esferas de governo conseguiram se unir em benefício desses pacientes.

Mas para não ser apedrejada logo no início, vou tentar explicar o que me levou a estas conclusões. Lembro-me de que era manhã de uma sexta-feira quando fiz minha primeira visita. A ideia era passar o dia no hospital Gal­ba Velloso, região Oeste da capital, administrado pela Fundação Hos­pitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig). Estava um pouco ansiosa e confesso que, ao adentrar o pátio do hospital, senti um frio na barriga. Afinal, não é fácil lidar com o desconhecido e os transtornos da mente ainda são uma incógnita até mesmo para a medicina. Não nego, porém, que minha reação fosse, talvez, um resquício de como nossa sociedade ainda vê o doente mental: com medo.

Logo na entrada, vi alguns pacientes que andavam livremente de um lado para o outro em um jardim. O lugar é amplo, arborizado e possui alguns prédios. Em um e outro ponto, porém, funcionários ficavam à espreita, prontos para agir caso houvesse necessidade. Alguns internos, ao me verem, cumprimentavam-me educadamente, outros faziam caretas e houve um que começou a me seguir. Sei que aqueles olhares vagos e semblantes por vezes amedrontados me causavam um turbilhão de pensamentos e emoções. Minutos depois, estava diante do diretor do Galba Velloso, Daniel Freitas. O hospital atende todos que chegam, independentemente do local de onde vêm. Crianças são direcionadas ao Centro Psí­qui­co da Adolescência e Infância (Cepai). A equipe de enfermagem faz a triagem e depois encaminha a pessoa a um médico psiquiatra. Um gru­po fica encarregado de entrar em contato com a família e com o serviço que costuma atender esse paciente. Na ausência de familiares, alguém da Secretaria de Estado de Saúde é designado para fazer esse acompanhamento.

Para Daniel Freitas, a discussão quanto à extinção ou não do hospital psiquiátrico deve ser feita em termos de assistência ao usuário. “O Mi­nistério da Saúde calcula que Minas tem apenas 50% dos Centros de Aten­ção Psicossocial (Caps) necessários. Em Belo Horizonte, a estrutura é bem maior. Nesse momento, porém, não há como prescindir desse modelo.” As instalações do Galba tam­bém sofreram melhorias, mas não há como negar que, ainda assim, o ambiente é um pouco sombrio – talvez ainda seja reflexo do que já foi um dia. Andando pelos pavilhões, me deparei com uma jovem sentada em uma cama. Ao lado dela, uma senho­ra. Pu­xei assunto e logo descobri que a morena de 22 anos estava internada. A acompanhante era tia dela. As duas estavam se preparando para voltar para Curvelo, onde moram. Víti­ma de depressão pós-parto, depois de três dias de internação, preferiu voltar e ser atendida no Caps de sua cidade. “O atendimento aqui é bom, mas quero continuar com a médica que estava cuidando de mim”, disse ao se despedir.

Mais adiante, em um banco disposto em um dos corredores do Gal­ba, encontrei Agda ao lado de sua mãe, Zélia, de 72 anos. A filha me con­tou que, há 30 anos, a mãe já ha­via passado por ali após uma crise. Me­lhorou e ficou bem durante muito tem­po. Recentemente, Zélia teve um surto de agressividade e teve de retornar ao hospital. Ao se lembrar da primeira vez que a mãe esteve in­ternada ali, Agda disse que muita coisa mudou. “Hoje o atendimento é bom, humanizado e há mais seguran­ça”, afirmou, informando que ela e os cinco irmãos estavam se revezando para ficar ao lado de Zélia. De­pois dessa conversa, achei que há certo exage­ro quando se diz que o hospital psiqui­átrico segrega o paciente – fi­que claro que não estou defendendo a instituição, mas apenas fazendo con­siderações a partir do que ou­vi.

O segundo lugar que conheci foi o Cersam Noroeste, situado no bairro Padre Eustáquio. Fui recebida pela ge­rente da unidade, a psicóloga Rosa Maria Vasconcelos. O Cersam, na verdade, é um dispositivo da rede, coordenado pela Prefeitura de Belo Hori­zonte, que segue as normas estabelecidas pelo Ministério da Saúde para funcionar como um serviço substitutivo à lógica manicomial. O foco é atender casos de urgências e pacien­tes em crise. Muitos usuários, de acor­do com Rosa, são egressos de hospitais psiquiátricos e vários sofrem de alguma doença ligada ao gru­po das psicoses graves. Em 99% dos casos, há necessidade de prescrição de medicamentos e de avaliação. A equipe é formada por terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, enfermeiros, psicólogos e psiquiatras.

“O Ministério da Saúde calcula que Minas tem apenas 50% dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) necessários. Em razão disso, não há como prescindir dos hospitais psiquiátricos ainda”Daniel Freitas
Ao chegar ao Cersam, o paciente passa por avaliação e, dependendo do caso, pode ficar na permanência-dia e a equipe verifica se há necessidade de acompanhante. Não há limite de dias em caso de internação. Rosa afirma que a grande diferença entre o Cersam e o hospital é que lá o doente tem participação mais ativa no tratamento, mais mobilidade, possuindo acesso a todas as áreas. Segundo ela, o contexto é diferente também porque o paciente lava suas próprias roupas e, em alguns casos, pode ser atendido em casa. Pude constatar que o que ela estava me contando era verdade.

“A doença mental é um recorte do horror, por isso há tanto preconceito. Se não tivermos postura constante de inquietação, também poderemos nos transformar em manicômios”Rosa Maria Vasconcelos
Realmente, não faz muito tempo, os hospitais psiquiátricos segregavam os internos. Hoje, entretanto, tendo em vista o que vi, parece não ser mais assim, pelo menos no Galba e no Raul Soares. Ainda há alguns traços de isolamento, mas é muito diferente do que acontecia nos hospícios antes do início da reforma. Por outro lado, o Cersam possui algumas características desses hospitais. Por isso, minha percepção é de que há semelhanças en­tre os dois serviços. Será que se houvesse uma integração maior, não seria possível melhorar toda a rede de atendimento à saúde mental da cidade?

Voltando à minha incursão ao Cersam Noroeste, também vi pacientes andando pelos corredores com liberdade. Um, inclusive, chegou a cismar que eu havia roubado seu estômago e disse que iria me matar. Não tive medo e, inclusive, comecei a falar sobre outros assuntos. Logo, eu e Geraldo estávamos numa conversa animada sobre chocolates e compras em supermercados. O impacto que eu havia tido no Galba Velloso havia passado e comecei a ver aquelas pessoas que estavam ali de outra maneira: elas eram como eu, apenas um pouco diferentes.
Rosa esteve ao meu lado durante todo o tempo da visita e pude perceber o quanto ela se preocupa com o bem-estar daquelas pessoas. Entre lágrimas, me disse que é preciso um exercício diário para sustentar a lógica antimanicomial, mesmo nos serviços substitutivos. “A doença mental é um recorte do horror, por isso há tanto preconceito. Temos que nos perguntar a todo tempo o que queremos para nossos usuários. Se não tivermos postura constante de inquietação, também poderemos nos transformar em manicômios.”

Além dos Cersams, a rede municipal conta com centros de convivência, que oferecem cursos de música, teatro, pintura, marcenaria, costura, além de passeios, idas ao cinema e festas. Nesses locais, os frequentadores também têm a oportunidade de gerar renda. Parte das produções é comercializada e o artista recebe porcentagem da venda. Criada e coordenada por usuários dos centros de convivência, a cooperativa Suricato – Associação de Trabalho e Produção Solidária – mantém quatro grupos de trabalho: mosaico, marcenaria, costura e culinária. Todas essas ações visam um único objetivo: permitir que essas pessoas tenham uma vida mais digna e integrada à sociedade e à família.
Dois dias após conhecer o Cersam Noroeste, fiz minha terceira visita: Instituto Raul Soares, no bairro Santa Efigênia. A estrutura, com vários prédios, impressiona. Há duas décadas, o lugar internava cinco mil pessoas por ano. Hoje, esse número baixou para 1,5 mil. Na oportunidade, o diretor geral do hospital, o psiquiatra Maurício Leão, ressaltou, porém, que a humanização do atendimento começou há 30 anos. “Hoje, o paciente sai daqui e é encaminhado aos serviços substitutivos”, assinalou, ao destacar que o tempo médio de internação na atualidade é de 19 dias. Entretanto, foi incisivo ao dizer que “não há sociedade no mundo hoje que possa prescindir do hospital psiquiátrico”. E asseverou que o movimento de desospitalização na medicina psiquiátrica está progredindo e que em Minas Gerais não é diferente.

Assim como o Galba Velloso e os Cersams, o Raul Soares também tem investido em atividades de recreação, oficinas terapêuticas e outras ações que buscam reintegrar o paciente à sociedade. Há, inclusive, curso de infor­mática que aten­de não apenas os usuários do hospital, mas também seus familiares, além de funcionários da instituição.
Durante o período que passei no Raul Soares, percebi que os pacientes têm horários mais regulados. Eles circulam pelos corredores, pelos pátios, mas homens de um lado e mulheres do outro. As instalações são boas e alguns setores ainda estão sen­do reformados. Fui a um grande jardim onde algumas mulheres estavam sentadas. Quando me viram, me chamaram. Queriam saber quem eu era e o que fazia ali. Sentei-me junto a elas e comecei a bater papo, como se faz numa roda de amigos.
Não passou muito tempo e elas começaram a me contar suas histórias. A mais falante – e torcedora fanática do Atlético – Sulamita, disse que estava ali para se curar da depen­dência química. “Tenho quatro filhos e eles precisam de mim”, falou. Pouco depois, uma jovem loira, de cabelos lisos e compridos se aproximou. Ta­ma­nha era sua beleza, que qualquer um poderia dizer que se tratava de alguma modelo. Não era. A garota de 28 anos, mãe de três filhos, enfrentava sua segunda internação por depressão pós-parto. Rimos, falamos de coisas triviais e, em nenhum momento, parecia haver qualquer diferença entre mim e elas. Éramos apenas garotas conversando sobre homens, maquiagem, novelas – enfim, coisas de mulher. Talvez, a única diferença eram os uniformes com a logomarca da Fhemig que elas vestiam e os embornais que algumas carregavam com seus poucos pertences. Despedimo-nos como se fôssemos conhecidas de longa data.
Qual o melhor modelo de atendimento? Talvez esta não seja a pergunta correta, mas o que todos nós – sociedade, governo (todas as esferas), ONGs, familiares e amigos – podemos fazer para que essas pessoas, seres humanos como quaisquer outros, que sofrem de uma doen­ça mental, tenham vida digna, tratamento adequado, laços sociais consolidados, oportunidades de trabalho e o direito a ser o que são: cidadãos. Nos casos mais graves, sabemos que nem tudo é possível, mas há sempre algo que pode ser feito para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.
Na próxima matéria, direi como funcionam as residências terapêuticas de BH, onde moram portadores de sofrimento mental que tinham sido abandonados em hospitais psiquiátricos. E, principalmente, tentarei narrar um pouco sobre aquela que já foi conhecida como a cidade dos loucos, Barbacena. Contarei depoimentos emocionantes de quem viveu o período mais macabro da antiga Colônia e que, hoje, tenta superar os horrores sofridos com doses de amor e dignidade.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

MAL DOS NEUROLÉPTICOS

Silvia Dieckmann

Professor, como saber os riscos beneficios dos neurolépticos hoje usados na psiquiatria descontroladamente, pois é um rémedio barato para o SUS e mais encontrado frequentemente nos Caps.
Hoje estão sendo usados para depressões, TOC, Sindrome de tOURRETTE, o que o senhores dizem disso:
Onde está os médicos e suas atualizações em farmacologia:
Onde está o bom senso do risco e benefici:
Em minha cidade uma simples depressão está sendo tratada não só com antidepressivos, mas com amplictil, haldol, e fenergam, esse é um procedimento correto???????????????????????????


--------------------------------------------------------------------------------

16. Re: Mal do neuroléptico Sábado, 24/07/2004, 13:12:39


Silvia, isso é uma barbaridade, o que você me conta Amplictil e haldol são neurolépticos inadequados para tratar depressão simples, fenergan é um anti-histamínico usado para tratar reações alérgicas e inflamatórias. Um médico que prescreve uma mistura dessas é um ignorante e um irresponsável, para dizer o minimo.
Você que está estudando medicina: farmacologia clinica é uma das matérias mais importantes a ser estudada, e a se manter sempre atualizado, pois é fundamental e muda muito, todo mês aparece uma novidade terapêutica. Infelizmente, a maior parte dos médicos brasileiros se atualiza através do representante farmacêutico. Uma pesquisa recente mostrou que 25% dos médicos brasileiros nem sequer conhece o principio ativo dos medicamentos comerciais que receita!!
Você diagnosticou corretamente o mal: ampla disponibilidade e baixo preço dos neurolépticos (de geração antiga). O Brasil deve ser um dos poucos paises do mundo onde ainda se usam antidepressivos e neurolépticos de primeira e segunda geração, como o amplictil (clorpromazina) e o haldol (haloperidol). Seus efeitos colaterais são devastadores. E os pacientes estão totalmente à mercê dos maus médicos.
Violações continuam
A situação atual não é nada quando comparada à crueza das últimas décadas do século passado, quando morreram, só no manicômio de Barbacena (MG), cerca de 60 mil pessoas, cujos cadáveres eram vendidos a faculdades de medicina de todo o país. Os abusos, maus-tratos e a omissão, muitas vezes fatais, atravessaram o tempo e ocorrem até hoje, adverte Renata Lira, advogada da ONG Justiça Global. A entidade relata cinco casos recentes de assassinato em clínicas psiquiátricas. Um deles é o de Ana Carolina Cordovil Heiderich Silva, vítima de transtorno de comportamento, que morreu em dezembro de 2006, aos 18 anos, dentro da Clínica de Repouso Santa Isabel, em Cachoeiro do Itapemirim (ES).
A mãe da garota, Nercinda Clareminda Heiderich, afirma que viu Ana Carolina pela última vez no dia da internação, em 26 de outubro de 2006. Na entrevista inicial, informou ao médico que ela era alérgica a haldol, medicamento muito utilizado por pacientes com transtornos mentais. Depois disso, tentou inúmeras vezes visitar a filha, mas sempre era aconselhada a não fazê-lo, “para não atrapalhar o andamento do tratamento”.
“Eu ligava cerca de três a quatro vezes por dia e só recebia boas notícias. Diziam que ela estava bem, mas que pacientes não podiam falar pelo telefone”, lembra. Nove dias depois da internação, Nercinda exigiu, gritando, a visita. Foi quando soube que Ana estava morta. “Consegui o prontuário e vi que o médico não só prescreveu haldol, como em doses altíssimas e injetadas”, conta. A Justiça Global vai assumir o caso para exigir providências. “Quase sempre as denúncias que recebemos são contra clínicas privadas que têm leitos do SUS, como essa Santa Isabel”, diz Renata. (RM)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

SAUDADES DA PÁTRIA

SALMOS 137


Às margens dos rios da Babilônia, nós nos assentávamos e chorávamos, lembrando-nos de Sião.
Nos salgueiros que lá havia, pendurávamos as nossas harpas,
pois aqueles que nos levaram cativos nos pediam canções, e os nossos opressores, que fôssemos alegres, dizendo: Entoai-nos algum dos cânticos de Sião.
Como, porém, haveríamos de entoar o canto do SENHOR em terra estranha?
Se eu de ti me esquecer, ó Jerusalém, que se resseque a minha mão direita.
Apegue-se-me a língua ao paladar, se me não lembrar de ti, se não preferir eu Jerusalém à minha maior alegria.
Contra os filhos de Edom, lembra-te, SENHOR, do dia de Jerusalém, pois diziam: Arrasai, arrasai-a, até aos fundamentos.
Filha da Babilônia, que hás de ser destruída, feliz aquele que te der o pago do mal que nos fizeste.
Feliz aquele que pegar teus filhos e esmagá-los contra a pedra

O Paradoxo do Nosso Tempo, por George Carlin

O Paradoxo do Nosso Tempo, por George Carlin Nós bebemos demais, fumamos demais, gastamos sem critérios, dirigimos rápido demais, ficamos acordados até muito mais tarde, acordamos muito cansados, lemos muito pouco, assistimos TV demais e rezamos raramente. Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores.

Nós falamos demais, amamos raramente, odiamos freqüentemente. Aprendemos a sobreviver, mas não a viver; adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos.

Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade em cruzar a rua e encontrar um novo vizinho.

Conquistamos o espaço, mas não o nosso próprio.
Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores.
Limpamos o ar, mas poluímos a alma; dominamos o átomo, mas não nosso preconceito; escrevemos mais, mas aprendemos menos; planejamos mais, mas realizamos menos.

Aprendemos a nos apressar e não, a esperar.
Construímos mais computadores para armazenar mais informação, produzir mais cópias do que nunca, mas nos comunicamos menos.
Estamos na era do 'fast-food' e da digestão lenta; do homem grande de caráter pequeno; lucros acentuados e relações vazias.

Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados.Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e das pílulas "mágicas". Um momento de muita coisa na vitrine e muito pouco na dispensa.

Uma era que leva essa carta a você, e uma era que te permite dividir essa reflexão ou simplesmente clicar 'delete'.
Lembre-se de passar tempo com as pessoas que ama, pois elas não estarão por aqui para sempre.

Por isso, valorize o que você tem e as pessoas que estão ao seu lado.
Fonte:
http://www.pensador.info/autor/George_Carlin/

sexta-feira, 23 de julho de 2010

MOMENTOS DA MARCHA



Exposição de imagens do Conselho Federal de Psicologia, entre elas Ana Carolina Cordovil.



Marcos Venícius liderando os coordenadores e dividindo os grupos para apresentar-se as autoridades com as reinvidicações antimanicomial.




Deputados comparecem à tenda para prestigiar o evento.



Turma chegando com faixas e cartazes.




Mais fotos do evento.




Reunião com o Ministro Paulo Vannuci na Secretaria Especial de Direitos Humano




Irene Ximenes na marcha em Brasília usando uma blusa com a foto da Ana Carolina Cordovil Heiderich Silva.







QUE ESTE GRITO NÃO SEJA EM VÃO!!!

Que a voz dos usuários de Saúde Mental não só seja ouvida,mas atendida.

Os meus sinceros agradecimentos a Irene Ximenes pelo carinho ao vestir a camisa com a foto da Ana carolina, minha filha.

Momentos que ficarão eternamente,nas minhas recodações. E aos demais pela coragem de fazer deste evento,

O maior grito por libertação de encarcerados por "crimes" de não ser igual a todo mundo.

sábado, 17 de julho de 2010

E ainda condenam Adolph Hítler

E ainda condenam Adolph Hítler

Às vezes me vejo diante de um grande deserto. Mais não desisto. Muitos começaram e desistiram e muitos nem começaram. Tenho consciência que o meu grito não é exclusivamente, meu. E tenho certeza que ele continuará sendo ouvido e há de ser, muito em breve, atendido.

Esta clínica, é cercada por muros altíssimos. Os internos não têm nenhuma visão pra o lado de fora, como em algumas, que possuem grades. São totalmente alienados.
É um presídio! Muitos estão, ali, condenados pelo “crime” de sofrem apenas de depressão. A maioria estão pagando o preço de não ter oportunidade de viverem eles mesmos. Estão fora dos padrões impostos por uma sociedade HIPÓCRITA,, NOJENTA E CRIMINOSA.

E ainda condenam Adolf Hitler!

A diferença está,apenas,na maneira de conduta. Os valores são os mesmos. Os considerados diferentes são discriminados, até nos templo “CRISTÃOS”

E ainda condenam Adolf HÍTLER!

O campo de concentração nazista continua! Só que às escondidas.
Jornalistas são impedidos de entrarem e gravar o que acontece dentro destes manicômios.
E quando conseguem gravar, são coagidos, perseguidos.
O QUE MUDOU?

Os que tentaram e tentam dificilmente conseguem alguma coisa.
São 30 anos de luta Antimanicomial;
A lei 10.216 está em vigor desde 2001;
A 2ª Guerra mundial teve a duração de 06 anos.

E AINDA CONDENAM ADOLf HÍTLER!!!

Nós que estamos do lado de cá achamos Adolph Hitler um monstro,
Mas os que estão do lado de lá,não sentem a diferença.
Tenta dar uma olhadinha na CLÍNICA DE REPOUSO SANTA ISABEL LTDA EM Cachoeiro do itapemirim-ES.
Ali a vida da minha filha foi ceifada em apenas, 08 dias de intenação. E não era dependente química. Nem tão pouco bipolar, Apenas sofria,como tantos,de trantorno de comportamento. Era ela, a ANA CAROLINA CORDOVIL HEIDERCH SILVA.
Isto se deu entre os dias 26/11/2006 e 04/12/2006.

Reforma Psiquiátrica, urgente! Urgentíssimo!!!

Nercinda C Heiderich

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Irena Sendler - A mãe das crianças do Holocausto


Enquanto a figura de Óscar Schindler era aclamada pelo mundo graças a Steven Spielberg, que se inspirou nele para rodar a película que conseguiria sete prémios Oscar em 1993, narrando a vida deste industrial alemão que evitou a morte de 1.000 judeus nos campos de concentração, Irena Sendler continuava a ser uma heroína desconhecida fora da Polónia e apenas reconhecida no seu país por alguns historiadores, já que, nos anos de obscurantismo comunista, tinham apagado a sua façanha dos livros oficiais de história.

Além disso, ela nunca contou a ninguém nada de sua vida durante aqueles anos.

Contudo, em 1999 a sua história começou a ser conhecida, curiosamente, graças a um grupo de alunos de um instituto do Kansas e ao seu trabalho de final de curso sobre os heróis do Holocausto.

Na sua investigação conseguiram muito poucas referências sobre Irena. Só tinham um dado surpreendente: tinha salvo a vida de 2.500 crianças.

Como era posssível que houvesse tão escassa informação sobre uma pessoa assim?

A grande surpresa chegou quando, depois de procurar o lugar da tumba de Irena, descobriram que não existia a dita tumba, porque ela ainda vivia, …e de facto ainda vive…

Hoje é uma anciã de 97 anos que reside num asilo do centro de Varsóvia, num quarto onde nunca faltam ramos de flores e cartas de agradecimento, procedentes do mundo inteiro.

Quando a Alemanha invadiu o país em 1939, Irena era enfermeira no Departamento de Bem-estar Social de Varsóvia, o qual administrava as cozinhas sociais comunitárias da cidade.


Em 1942, os nazis criaram um ghetto em Varsóvia. Irena, horrorizada pelas condições em que se vivia ali, uniu-se ao Conselho para a Ajuda de Judeus.

Conseguiu identificações da repartição de saúde, uma de cujas tarefas era a luta contra as doenças contagiosas.

Como os alemães invasores tinham medo de uma possível epidemia de tifo, permitiam que os polacos controlassem o recinto.

De imediato se pôs em contacto com as famílias às quais lhes ofereceu levar os seus filhos para fora do ghetto…

Mas não lhes podia dar garantias de êxito.

Era um momento horroroso, devia convencer os pais de que lhe entregassem os seus filhos, e eles preguntavam-lhe:


"Podes prometer-me que o meu filho viverá…?"


…mas que podia alguém prometer, quando nem sequer se sabia se conseguiriam sair do ghetto?

A única certeza era que as crianças morreriam, se permanecessem nele.

As mães e as avós não queriam separar-se dos seus filhos e netos. Irena entendia-as muito bem, pois ela mesma era mãe, e sabia perfeitamente que, de todo o processo que ela levava a cabo com as crianças, o momento mais duro era o da separação.

Algumas vezes, quando Irena ou as suas ajudantes voltavam para visitar as famílias e tentar fazê-las mudar de opinião, descobriam que todos tinham sido levados de comboio para os campos da morte.

Cada vez que lhe acontecia algo deste género, lutava com mais força por salvar mais crianças.

Começou a tirá-los em ambulâncias como vítimas de tifo, mas de imediato se valeu de tudo o que estava ao seu alcance para escondê-los e tirá-los dali: caixotes de lixo, caixas de ferramentas, carregamentos de mercadorias, sacos de batatas, ataúdes... nas suas mãos qualquer elemento se transformava numa via de escape.

Conseguiu recrutar pelo menos uma pessoa de cada um dos dez centros do Departamento de Bem-estar Social.

Com a sua ajuda, elaborou centenas de documentos falsos com assinaturas falsificadas dando identidades temporárias às crianças judias.

Irena vivia os tempos da guerra pensando nos tempos da paz.

Por isso, não lhe bastava somente manter essas crianças com vida.

Queria que um dia pudessem recuperar os seus verdadeiros nomes, a sua identidade, as suas histórias pessoais, as suas famílias.

Então, ideou um arquivo em que registava os nomes das crianças e das suas novas identidades.

Anotava os dados em pequenos pedaços de papel e guardava-os dentro de frascos de conserva que depois enterrava debaixo de uma macieira no jardim do seu vizinho.

Ali guardou, sem que ninguém o suspeitasse, o passado de 2.500 crianças… até que os nazis se foram embora.

Mas um dia os nazis souberam das suas actividades.

Em 20 de Outubro de 1943, Irena Sendler foi detida pela Gestapo e levada para a prisão de Pawiak, onde foi brutalmente torturada.

Num colchão de palha da sua cela, encontrou uma estampa de Jesus Cristo.

Conservou-a como o resultado de um acaso milagroso naqueles duros momentos da sua vida, até ao ano de 1979, em que se desfez dela e a obsequiou a João Paulo II.

Irena era a única que sabia os nomes e as direcções das famílias que albergavam as crianças judias; suportou a tortura e recusou-se a atraiçoar os seus colaboradores ou qualquer das crianças ocultas.

Quebraram-lhe os pés e as pernas além de lhe imporem inumeráveis torturas.

No entanto, ninguém pôde quebrar a sua vontade.

Assim, foi sentenciada à morte. Uma sentença que nunca se cumpriu, porque a caminho do lugar da execução, o soldado que a levava, deixou-a escapar.

A resistência tinha-o subornado, porque não queriam que Irena morrese com o segredo da localização das crianças.

Oficialmente figurava nas listas dos executados, daí que, a partir de então, Irena continuou a trabalhar, mas com uma identidade falsa.

Ao findar a guerra, ela mesma desenterrou os frascos e utilizou as notas para encontrar as 2.500 crianças que colocou em famíilias adotivas.

Reuniu-os aos seus parentes disseminados por toda a Europa, mas a maioria tinha perdido os seus familiares nos campos de concentração nazista.

As crianças só a conheciam pelo seu nome chave: Jolanta.

Anos mais tarde, a sua história apareceu num periódico acompanhada de fotos suas da época. Várias pessoas começaram a chamá-la para dizer-lhe

“Recordo a tua cara …sou uma dessas crianças,

devo-te a minha vida, o meu futuro e gostaria de ver-te…”

Irena tem no seu quarto centenas de fotos com algumas daquelas crianças sobreviventes ou com filhos delas:


O seu pai, um médico que faleceu de tifo, quando ela era ainda pequena, inculcou-lhe o siguinte:


“Ajuda sempre o que se está a afogar,

sem levar em conta a sua religião ou nacionalidade.

Ajudar cada dia alguém tem que ser uma necessidade

que saia do coração.”


Irena Sendler leva anos presa a uma cadeira de rodas, devido às lesões que suportou pelas torturas sofridas às mãos da Gestapo.


Não se considera uma heroína.

Nunca se atribuiu crédito algum pelas suas acções.


Sempre que a interrogam sobre o assunto, Irena diz:

"Poderia ter feito mais,

e este lamento continuará comigo até ao dia em que eu morrer.”

Não se plantam sementes de comida.

Plantam-se sementes de bondades.

Tratem de fazer um círculo de bondades,

estas vos rodearão e vos farão crescer mais e mais”.

Irena Sendler

sábado, 3 de julho de 2010

Documento elaborado pelo GT

O Grupo de Trabalho Prisional do CRP SP elaborou um documento a respeito da Reforma Psiquiátrica nas Medidas de Segurança para contribuir na mobilização sobre esta temática nas discussões da IV Conferência Nacional de Saúde Mental, de 27 a 30 de junho, em Brasília.



A carta aponta para diretrizes e ações relacionadas à justiça e às políticas de saúde mental.


Confira:


Para além dos manicômios judiciários. A reforma psiquiátrica antimanicomial e sua implementação na execução das medidas de segurança.



A IV Conferência Nacional de Saúde Mental, a ser realizada entre os dias 27 e 30 de junho, em Brasília, precedida pelas etapas municipais e/ou regionais, tem como tema principal “Saúde Mental direito e compromisso de todos: consolidar avanços e enfrentar desafios”.



Considerando o caráter intersetorial da IV Conferência, principalmente o foco do Eixo I: “Saúde Mental e Políticas de Estado: pactuar caminhos intersetoriais”, abre-se caminho para um debate profícuo, bem como a pactuação de diretrizes e ações no que diz respeito à relação da Justiça com as políticas de Saúde Mental.



É fundamental que a IV Conferência Nacional de Saúde Mental aponte para avanços no tocante à execução de medidas de segurança, inclusive discutindo em profundidade as instituições manicomiais, que em cada Estado recebe denominações diferentes (hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico, manicômios judiciários, casas de custódia, etc) que são destinadas para confinarem vidas a partir da determinação de um “tratamento compulsório”. É urgente a incorporação dessas questões na construção coletiva e intersetorial de políticas públicas da Saúde Mental.



De acordo com os dados de 2009 do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), são aproximadamente 3.900 pessoas em cumprimento de medida de segurança no Brasil, a esmagadora maioria confinada em instituições manicomiais, sendo que os índices apontam para a tendência de crescimento dessa população: em 4 anos houve um aumento de 40,93% (Dez. 2003 a Dez. 2007).



Defendemos que os dispositivos do Código Penal devem ser analisados sob a luz da Lei Federal mais atual e que versa sobre a mesma matéria, ou seja, analisado a partir da Lei 10.216/01 (Lei da Reforma Psiquiátrica) , no que diz respeito ao tratamento que será oferecido aos indivíduos submetidos à medida de segurança.



O Código Penal, no que se refere à aplicação das medidas de segurança, dispõe que se o agente que infringiu a lei for considerado inimputável, o juiz determinará sua internação (Artigo 26 do Código Penal). Contudo, de acordo com a Lei 10.216/01 (Lei da Reforma Psiquiátrica) , em seu Artigo 4º.: “a internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes”, dispondo, inclusive, que o tratamento deverá ter como finalidade permanente a reinserção social do paciente (no § 1º deste Artigo). Além disso, temos no § 3º do mesmo Artigo que: “é vedada a internação de pacientes portadores de transtornos mentais em instituições com características asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos recursos mencionados no § 2º e que não assegurem aos pacientes os direitos enumerados no parágrafo único do art. 2º”.



Se a medida de segurança não tem caráter punitivo – e de direito não tem – a sua feição terapêutica deve preponderar. Eis o argumento elementar levado à mesa de discussões. Muda-se o paradigma. A questão deixa de ser focada unicamente sob o prisma da segurança pública e é acolhida definitivamente pelos serviços de saúde pública. Não será a cadeia, tampouco o manicômio, o destino desses homens e dessas mulheres submetidos à internação psiquiátrica compulsória. (SILVA, Haroldo Caetano, “Implementação da reforma psiquiátrica na execução de medidas de segurança”, p. 11) É fundamental que retomemos o disposto na 1ª. Conferência Nacional de Saúde Mental, buscando efetivar avanços no que se refere à reforma psiquiátrica na execução de medidas de segurança: “Que se aprofunde a discussão sobre os manicômios judiciários, visando sua extinção ou profunda transformação”; bem como as diretrizes da 2ª. Conferência Nacional de Saúde Mental, que apontava para a extinção de “todos os dispositivos legais que atribuem periculosidade ao doente mental” e colocava como proposta uma articulação junto ao Ministério da Justiça,visando: “a extinção dos manicômios judiciários (‘hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico’), de maneira lenta e gradual, semelhante aquela proposta para os hospitais psiquiátricos, devendo ser substituídos por modelos alternativos que possibilitem o cumprimento das medidas de segurança impostas e o recebimento de um tratamento humano e reabilitador”; e da 3ª. Conferência Nacional de Saúde Mental: “as condições de funcionamento dos manicômios judiciários (chamados hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico) , para onde são encaminhados os pacientes que cometem delitos, constituem atentados aos direitos humanos, e precisam ser profundamente reestruturadas”….. “No horizonte da reforma, deve estar colocada a superação total desse tipo de estabelecimento.”



Vamos avançar na Reforma Psiquiátrica Antimanicomial ao abarcar a execução de medidas de segurança, espaço em que viceja com maior força o ideário da periculosidade das pessoas com transtornos psiquiátricos e a lógica de “tratamento” pelo confinamento e punição! Precisamos, juntos, enfrentar também este desafio que se coloca no horizonte de nossa luta coletiva!



Juntos, rumo à IV Conferência Nacional de Saúde Mental! Reforma Psiquiátrica Antimanicomial para todos!



CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA 6ª. REGIÃO (CRP SP)


Subscrevem esta Carta-Aberta:


1) Sindicato dos Psicólogos no Estado de São Paulo (SINPsi);


2) Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO – coord. Nacional), com a adesão das Regionais: Paraná, São Paulo, Espírito Santo, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Minas Gerais; e dos Núcleos: Sobral, Chapecó, Alto do São Francisco (MG), Triângulo Mineiro, São Paulo, Bauru, Pernambuco, Grão de Areia – Torres (RS), Vale do São Francisco;


3) Defensoria Pública do Estado de São Paulo – Setor Carcerário;


4) Pastoral Carcerária;


5) Fala Preta Org. Mulheres Negras;


6) Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Campinas (CDDH Campinas);


7) Centro dos Direitos Humanos Maria da Graça Bráz (Joinville);


8) Conselho Carcerário de Joinville;


9) Ministério Público do Estado de Goiás – Promotoria da Execução Penal de Goiânia;


10) Movimento Nacional da População de Rua – Coord. SP;


11) Ação dos Cristãos para Abolição da Tortura – ACAT Brasil;


12) Sindicato dos Psicólogos de Minas Gerais;


13) Federação Nacional dos Psicólogos (FENAPSI);


14) Centro Santo Dias Direitos Humanos (CSDDH);


15) Centro de Educação Popular do Instituto Sedes Sapientiae - São Paulo - SP (CEPIS).


16) Instituto Sedes Sapientiae;


17) Comissão Teotônio Vilela;


18) Plenário do VII Congresso Regional de Psicologia de São Paulo;


19) Conselho Regional de Psicologia 07ª. Região (Rio Grande do Sul);


20) Associação Chico Inácio (Amazonas);


21) Instituto AMMA Psique e Negritude - Sao Paulo – SP;


22) Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial (RENILA);


23) NESM Bahia;


24) Núcleo Libertando Subjetividades;


25) Fórum Cearense da luta Antimanicomial;


26) Fórum Gaúcho de Saúde Mental;


27) Grupo Tortura Nunca Mais/RJ;


28) Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psicologia e Processos Sociais - NEPPSO PUC Minas / Betim;


29) Centro de Estudos da Infância e Adolescência – CEIA;


30) Observatório do Controle Social no SUS Betim;


31) Coletivo Princípio Ativo (Porto Alegre);


32) PARALAXE: Grupo Interdisciplinar de Estudos, Pesquisas e Intervenções em Psicologia Social Crítica da UFC;


33) ONG da Inclusão/ Sã Consciência;


34) DEFNET - Centro de Informática e Informações Sobre Paralisias Cerebrais;


35) Núcleo de Estudos e Pesquisa Violências: sujeito e política - PUC-SP.


36) Curso de Psicologia da UNIFESP - Campus Baixada Santista;


37) Associação Franco Rotelli.


38) Instituto Projetos Terapêuticos


39) Centro de Direitos Humanos de Sapopemba "Pablo Gonzales Olalla"


40) Movimento Nacional de Direitos Humanos - Regional São Paulo.


41) Núcleo de Pesquisa Psicanálise e Sociedade do Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Social da PUCSP



Caso sua entidade apóia esta carta, clique aqui para subscrevê-la.


Participe!

sexta-feira, 11 de junho de 2010


No Caminho, com Maiakóvski
(Eduardo Alves da Costa)

Assim como a criança humildemente afaga
a imagem do herói, assim me aproximo de ti, Maiakóvski.
Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombrocom um poeta soviético.

Lendo teus versos,aprendi a ter coragem.
Tu sabes,conheces melhor do que eua velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flordo nosso jardim.
E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,matam nosso cão,
e não dizemos nada.

Até que um dia,o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.

E já não podemos dizer nada.
Nos dias que correm
a ninguém é dado repousar a cabeça
alheia ao terror.

Os humildes baixam a cerviz;
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.

No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas amanhã, diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade como um foco de germes
capaz de me destruir.


In: COSTA, Eduardo Alves da. No caminho, com Maiakóvski.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. (Poesia brasileira).

sexta-feira, 28 de maio de 2010

sexta-feira, 14 de maio de 2010

O Cair das Lágrimas, por William Rodrigues


O que leva alguém às lágrimas?
Pode ser de dor ou de emoção
Sentimentos opostosmas que levam ao mesmo movimento
.
Sentimento que não tem explicação
Uma perda de alguém que amamos
Ou de um amigo muito próximo
Até mesmo de um bicho de estimação
.
Na emoção de um reencontro
Ou na tristeza de um adeus
Até mesmo em uma ofensa
de uma rejeição
.
Na traição de alguém que você mais confia
Até mesmo de um irmão
Seu ente mais próximo
Ou seus próprios pais
Aí não contemos o cair das lágrimas
.
A perda de um grande amor
Ou um presente raro.


* William Rodrigues da Silva é autor de crônicas e poesias e usuário do serviço do CAPS-III SBC.

sábado, 3 de abril de 2010

Carta de Ana Carolina para Tia Cecéu


Mês de maio, ano de 2006

Alto Caparaó, 29 de maio de 2006



Olá! Tia Cecéu!


Gosto de ver o seu programa, de ouvir as histórias que a senhora conta. Gostaria de conhece-la, mas sei que é muito difícil, pois moro no interior de minas gerais numa cidade chamada Alto Caparão; na região sudeste, zona da mata, e a distância é muito grande, mas não importa já que consigo apreciar o seu programa pela televisão.Gosto muito do seu cd, os joguinhos das vitaminas, se possível gostaria de receber um em minha casa, para que eu pudesse ouvi-la com mais freqüência .

O meu maior objetivo é pedir que a senhora coloque o meu nome em suas orações pois tenho diabetes, estou fazendo uma dieta mais tenho dificuldades e estou com 46 kilos a mais que o meu peso, sendo que o meu peso normal é 46 kilos, pois meço 1,47 de altura e preciso controlar mais a minha alimentação, para que eu possa emagrecer, mais a s dificuldades são tantas, confio primeiramente em meu Deus, e que através das suas orações, juntamente com o seu esposo, Pastor Fernando Iglesias, Deus com certeza irá me conceder essa benção.

Diz o medico, José Antônio Januário (endocrinologista) que essa diabete pode ser curada mas não deu tanta certeza, mas sei que o meu Deus pode me curar por que ele é o Deus dos médicos e o Deus dos impossiveis.

Essa diabete minha é tipo 2.

Obs: Não pertenço a igreja adventista, mas tenho freqüentado com a minha mãe. Sou evangélica e pertenço a igreja Fé e Libertação.

Estou com 96 kilos e preciso emagrecer. Ore por mim.

Gosto muito de cantar na minha igreja(sozinha) mas estou desanimada

Por favor ore por mim, para que eu possa ficar mais animada.

Ore também por mim por que eu sou muito nervosa, eu não quero ficar assim. Eu quero ser mansa, como Jesus foi, por que Deus disse assim. Vós sejais manço e humilde de coração por que eu fui manso e humilde de coração. Ame glória ao rei estou lhe mandado minha foto, para que a senhora possa tem uma idéia de como eu sou.

Ore por mim também porque eu tenho pressão alta.

Graças a Deus nós somos evangélicos, e conhecemos a palavra do senhor,pois, ela nos satisfaz. Amém gloria a deus. Bendito seja o seu nome aqui na terra.

Espero receber uma cartinha do seu programa. Ficarei muito contente se isso acontecer.

Minha mãe falou que viu na televisão que a senhora tem uma coleção de revistinhas. Se puder mande uma para mim.

Estou deixando um versículo para você; não sei se você vai gostar mas que esse versículo posso te lembrar de Jesus cristo.

Amém glórias a Deus

Versículo;



1- Na casa de meu pai á muitas moradas, se assim não fora dito, eu não teria dito vou prepara-vos lugar.

2- E quando eu for e vos preparar o lugar voltarei e vos receberei para mim mesmo para que onde eu estiver estejais-vos também. Que assim seja da vontade de Deus; nós temos que nos preparar!

3- Você já está preparada?

4- Despeço-me agradecida.

5- Despeço-me na santa paz do senhor Jesus.

Não esqueça de orar por mim. E que a paz de Deus reine em nossos corações


Vou manda uma foto também de quando eu estava com 93 kilos. Despeço-me e agradeço na santa e gloriosa paz de Jesus.

E que a paz do nosso senhor e salvador Jesus cristo reine em nossos corações.

Que Deus possa te abençoar muito, como ele tem te abençoado.

Um abraço carinhoso de ANA CAROLINA CORDOVIL HEIDERICH.

Este corinho eu gosto muito tia Cecéu.


Sou feliz por que sou de cristo (bis3)

Aleluia gloria a Deus



Fique com Deus,

Jesus te ama e eu também.

Ele ama a mim também,

E ele ama a todos nós



Beijos de Ana Carolina Cordovil Heiderich Silva.