No Caminho, com Maiakóvski
(Eduardo Alves da Costa)Assim como a criança humildemente afaga
Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombrocom um poeta soviético.Lendo teus versos,aprendi a ter coragem.
Tu sabes,conheces melhor do que eua velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,matam nosso cão,Na segunda noite, já não se escondem:
e não dizemos nada.
Até que um dia,o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,rouba-nos a luz, e,Até que um dia,o mais frágil deles
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.E já não podemos dizer nada.
Nos dias que correm
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz;
e nós, que não temos pacto algumOs humildes baixam a cerviz;
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.No silêncio de meu quarto
e eu fantasio um levante;
mas amanhã, diante do juiz,talvez meus lábios
calem a verdade como um foco de germescapaz de me destruir.
In: COSTA, Eduardo Alves da. No caminho, com Maiakóvski.
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